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NOSSAS SÉRIES

Temor e Tremor

Tratar sobre fé na Bíblia (Antigo e Novo Testamento) e perceber que a fé é um “all in” tendo ou não boas cartas na mão.

Quão pouco sabemos sobre Deus e sobre quem Ele é em Sua plenitude e complexidade. Quão pouco nossa mente consegue compreender sobre a grandeza da Criação e sobre o mistério da encarnação, por exemplo. Ainda assim, substituímos a contemplação de tudo isso por um arrazoado de ideias próprias achando que isso é fé. Precisamos, urgentemente, cultivar uma fé bíblica, ou seja, uma confiança irrestrita em Deus e em sua direção. Como disse o próprio Jesus: “O vento sopra onde quer, você escuta o barulho que ele faz, mas não sabe de onde ele vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito.” A fé nasce desse relacionamento de ser guiado pelo Espírito, confiando que Ele sabe para onde estamos indo.

E se sentir-se certo e seguro de todas as suas crenças não for sinônimo de estar com Deus e, na verdade, for um comportamento baseado em medo de estar errado e, portanto, isso acaba por te afastar de Deus? E se a sua certeza das crenças corretas for uma forma de se proteger do próprio Deus e permanecer na sua zona de conforto? E se Deus quiser, através da dúvida, quebrar a barreira que você criou, e Se aproximar de você? E se a dúvida, ao invés de um sinal de fraqueza, for um passo importante na confiança irrestrita em Deus?

Os dois maiores pilares da fé cristã são: a encarnação e a ressurreição. Ambos são conceitos totalmente irracionais, não lógicos e não explicáveis. Por isso é tão imperativo reavaliarmos nossa noção de fé. A fé envolve o mistério, envolve o que não vemos, nem explicamos, nem conseguimos racionalizar. A fé envolve o absurdo. A fé é loucura para o mundo, mas é a sabedoria de Deus.

As palavras carregam universos em si mesmas. Perceber o uso da palavra fé no Antigo e no Novo Testamento é uma viagem que possibilita perceber a profundidade do termo para além de crenças teóricas. Na verdade, a fé é uma pessoa e a fé é um ideal. E viver pela fé tem tanto a ver com Deus, quanto como nossos relacionamentos uns com os outros. Sim! Porque a fé bíblica é muito mais rigorosa do que crer em uma série de conceitos e temas, é negar-se e viver em, por e pelo Amor.

Crer corretamente é muito importante. Mas, como diz o livro bíblico de Tiago, até os demônios creem, corretamente em Deus. Por isso Tiago fala de uma fé como obras, citando dois personagens do Antigo Testamento. O cavaleiro da fé, como Soren Kierkegaard chamava Abraão, é um desses personagens. A obra de Abraão, descrita por Tiago, é justamente entregar seu filho, Isaque, para a morte. Nada poderia ser mais maluco e fora das obras tradicionais que pensamos quando lemos “a fé sem obras é morta”. A obra de Abraão não foi guardar o sábado, crer em Deus Pai, Filho e Espírito, também não foi crer na criação do mundo. A obra de Abraão foi um evento de obediência que exigiu dele 100% de confiança de que quem pediu, sabia o que estava fazendo. A obra de Abrão não foi crença, mas confiança. Confiar no absurdo é viver pela fé.